O dia acordou azul, limpo e lindo.Mas ainda não tinha sido o bastante pra minha mente enclausurada ao pequeno espaço de uma mesa de escritório. Meu destino sóbrio sorria sarcástico para meus pensamentos.
Foi assim que decidi ir ao cinema sozinha e sortear, literalmente, qual seria o sustento da minha alma cinéfila naquela noite.
Completamente concentrada em Tchaikovsky, que fazia sua sinfonia nº3 nos meus fones de ouvido, pedi um café.
Sozinha na mesa, e as fotos na parede me encaravam. Onde vai parar o mundo com tantos olhos e nenhuma visão?!? Vivo minha crise existencial em segundos.
Meu café Royal chegou...e ao provar me lembrei das únicas coisas que me fazem ruborescer : comentários inesperados e conhaque. E este último no café é minha forma preferida do antes chamado ‘conillon'.
O conhaque misturado ao café me fazia esbrasear e o chantilly me adoçava, e aquela sensação fazia bem ao meu paladar na mesma proporção que fazia bem aos meus sonhos.
Sozinha na poltrona do cinema eu esperava o que seria, para os mais românticos, uma bela surpresa. Ouvi belas angústias, que em meio aos detalhes do romance tratava do grande gênio fatal que tanto me atormenta, o tempo. Podem contradizer, aumentar, inventar, mas ainda era a frieza da passagem do tempo que se expunha para mim naquela tela gigante, e todos os sentimentos clichês e invariavelmente conflitantes que todos têm, sem direito de escolha.
Ainda estou por descobrir se fui ver o filme ou se ele me assistiu...mas fizemos amor com meus pensamentos naqueles 113 minutos.
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